CONHECIMENTO


Alguém disse que, se Karl Marx escrevesse hoje, não mais escreveria O Capital; escreveria O Conhecimento. Realmente, conhecimento é hoje o maior capital.

É sempre bom estar atento à etimologia da palavra, pois nenhuma palavra existe à toa. Sua raiz traz sempre um significado.

Na língua grega, conhecer é gnósko; lá está o gn, de gênese, dar origem, gerar. No Latim, conhecer é cognoscere; veja a persistência do gn. Passando para as línguas latinas, houve alguma modificação gráfica do gn. Em Português, deu conhecer; em Francês, connaître.

Etimologicamente, em todas essas línguas, conhecer é exatamente conascer, nascer com. Quando conheço você, você nasce para mim, e eu nasço para você. Nascemos juntos (conascemos) um para o outro. Existe nisso algo simples, mas profundo. Para ser profundo, não é preciso ser complexo (complicado).

No ato de conhecer, existe um nascimento, uma geração, uma nova vida. Quando adquiro um novo conhecimento, não sou mais o mesmo.

Conhecimento é mais do que uma simples informação, aquela que se dá, por exemplo, por um noticiário lido ou ouvido. O conhecimento pode, sim, partir de uma informação. Alguma informação é recebida, introjetada, assimilada, isto é, torna-se semelhante a mim, passa a circular no meu sangue, fazendo parte de mim. Ali, ela germina, cresce em mim e comigo. Isso é conhecer. Das informações, algumas se perdem, vão com o vento; outras se plantam em mim e viram conhecimento.

Quando você chega a saborear o conhecimento, sentir prazer nele, a ponto de colocá-lo a serviço de seu próprio crescimento e do crescimento dos outros, aí já é a sabedoria. Sabedoria, sapientia, do verbo latino sapere, é saborear, degustar. Veja como saber se parece com sabor. Saber com sabor; isso é sabedoria.

Existe, portanto, uma dinâmica progressiva: informação... conhecimento... sabedoria.

Ao que parece, existe hoje uma avalanche, uma superprodução de informações, mas pouco conhecimento; sabedoria, menos ainda. Ouve-se muito, muito se informa, muito se pega na internet. Obviamente, é útil, mas não basta. Fica um saber fragmentado, disperso. Pouco se retém, pouco se reflete, pouco se assimila e se aproveita em benefício próprio e em benefício dos outros.

Dá para pensar. E redirecionar. De que vale o meu conhecimento, se ele simplesmente vai ser sepultado comigo? Não podemos fazer diferente? Saber para quê?

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